Microbioma

Sistema digestivo
O corpo humano é colonizado por uma infinidade de organismos, cerca de 10 vezes mais numerosos do que as nossas próprias células– os micróbios – que revestem o interior e o exterior do nosso corpo. A grande maioria vive no sistema digestivo. Chamamos a esta complexa e singular ecologia, o microbioma. Ao longo da nossa existência criámos uma relação íntima e simbiótica com estes microrganismos que têm contribuído ativamente para a nossa evolução. É evidente o papel do microbioma intestinal na nossa saúde, sendo em parte responsável pelo funcionamento do sistema imunológico, destoxificação, inflamação, produção de vitaminas, absorção de nutrientes, sensação de fome ou saciedade e utilização de hidratos de carbono e da gordura.
Das bactérias intestinais mais relevantes e estudadas destacam-se as Firmicutes, Bacteroidetes, Bifidobacterium e Lactobacillus. As primeiras relacionam-se com a absorção de gorduras e hidratos de carbono, estando aumentadas em indivíduos obesos e desempenham um papel importante na ativação de genes que aumentam a obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. Vários estudos revelam que estas “más” bactérias, induzem uma desregulação do sistema imunitário e endócrino, levando à sobreprodução de hormonas do “stress” e moléculas inflamatórios, estando relacionadas com um aumento da incidência de alergias, asma, PHDA (Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção), cancro, doenças autoimunes e demência. Por outro lado, as restantes 3 são conhecidas como as “boas” bactérias e permitem controlar a inflamação, que está na base vários problemas degenerativos como diabetes, cancro, doença coronária e doença de Alzheimer; promovem a integridade das paredes intestinais, permitindo que as “más” bactérias não circulem no nosso organismo e produzem substâncias químicas essenciais para a saúde do nosso cérebro, como o BDNF (hormona de crescimento cerebral), vitamina B12 e neurotransmissores essenciais como glutamato e o GABA. Além disto são ainda capazes de utilizar certos componentes alimentares, como os polifenóis, e transformá-los em anti-inflamantórios “muito pequenos” capazes de atuar em várias partes do organismo.
Assim a saúde do microbioma é determinante para a saúde humana, sendo que potencias causas para um microbioma “doente” são: determinadas substâncias químicas ambientais, alguns ingredientes dos alimentos, destacando-se o glúten e o açúcar, aditivos da água, como o cloro, fármacos, como os antibióticos e anti-inflamatórios não esteróides, stress entre outros. Assim sendo é importante estimular os intestinos de forma positiva. Seguem-se algumas estratégias importantes a adotar na nossa vida quotidiana: aumentar a ingesta de alimentos ricos em probióticos- microorganismos que promovem a saúde intestinal equilibrando a flora intestinal, tais como iogurte natural, kefir, chá de kombucha, tempeh, couve chucrute. Aumentar o consumo de prébióticos- componentes alimentares não digeríveis que estimulam o crescimento e atividade bactérias saudáveis do cólon, como o alho cru, cebola cozida ou crua, raiz de chicória crua, espargo cru e alho-francês cru. Importa ainda relembrar que o consumo de gorduras boas, fibras, cereais sem glúten (amaranto, trigo mourisco, arroz branco, castanho ou selvagem, quinoa) legumes e frutas da época são imprescindíveis para uma boa saúde intestinal. A prática de exercício físico regular está diretamente relacionada com o aumento de bactérias “boas” face às “más” bactérias intestinais.
“Que a comida seja teu alimento e o alimento tua medicina.” Hipócrates
Ana Teresa Gomes Antunes
Médica Interna de Medicina Geral e Familiar na USF do Lavradio e no Hospital Nossa Senhora do Rosário (Barreiro)
Cédula Profissional (Ordem dos Médicos): 62943
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